A Colmeia é uma pastelaria com presença antiga na Estrada de Benfica. Ia lá algumas vezes com meus pais há 40 e tal anos e recordo-me de uma das "noites triunfais" da minha infância quando no Carnaval aproveitei uma distracção de todos para lançar a confusão generalizada com um estalinho estrategicamente lançado do meio da sala, originando o grito assustado de uma flausina que usava o telefone público, o salto do meu pai a fazer com que entornasse na camisa a bica que bebia ao balcão. A Colmeia foi remodelada e reabriu há uns meses e tal como eu, outros clientes actuais e antigos assomaram-se na altura à porta para espreitar as alterações. Gostei do que vi e entrei , chamaram-me a atenção as gavetas em madeira com janela de vidro para guardar biscoitos, chocolates, como nas confeitarias tradicionais, os armários e especialmente os lustres no tecto criando uma luminosidade "quente" como de uma casa de chá. Pedindo autorização para tirar umas fotos, foi oportunidade para conhecer o novo proprietário srº Paulo Mendes, que me esclareceu ser o ano de 1957 o da inauguração da Colmeia. Infelizmente estas remodelações actuais, já não conseguiram encontrar vestígios dessa época inicial mas nota-se a ideia de recrear o ambiente caloroso dos antigos cafés em que apetecia estar, havia uma clientela fiel e uma vivência humanizada ligada ao bairro. Numa segunda visita, desci os degraus para a sala de cave, aproveitada para sala de refeições e não me surpreendi por encontrar nas suas paredes quadros com cópias de fotografias antigas da Estrada de Benfica.Pastelaria Colmeia
Estrada de Benfica, 319-A
1500-075 Lisboa
2 comentários:
ooh! adorei este post xavi!
da ultima vez que estive em lisboa a colmeia estava fechada para obras e fiquei cheia de curiosidade ;) e agora com essas gavetas de madeira com janela de vidro para biscoitos, chocolates e outras guloseimas deixaste-me ainda mais curiosa e com um grande sorriso ao imaginar as reacções ao estalinho de carnaval! :)
Belo texto Xavi. Ainda não entrei para viver o espaço, mas sempre que passo no autocarro, especialmente à noite, quando a luz dos "lustres" do interior convidam a espreitar lá para dentro, confesso que fico derretida com o ambiente retro dos cortinados bordeaux ( se a memória não me atraiçoa), os armários de madeira e o requinte que cativa quem entra ali para estar. Da Colmeia de outros tempos recordo-me dos "palmiers" cobertos e das caixas de cartão onde colocavam o chantilly com que a minha mãe, à falta de natas na despensa, engalanava algumas sobremesas para um almoço ou jantar mais composto.
Também foi na Colmeia, a par do Arabesco, que conheci as palavras estranhas que designavam aquelas maravilhas da pastelaria ( os "Duchaises", os " Éclairs", os " Garibaldis", os "Esquimós") entre tantos a que sinto o gosto mas não lembra o nome.
Um destes dias entro na Comeia e faço um menu de degustação. pelos velhos tempos e para "encher a alma".
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