Mês de Agosto em que a cidade é pertença de quem a deseja conscientemente percorrer. Tempo de êxodo urbano em fugaz suspensão da rigidez de horários, desaparecimento da «voragem empolgante» tal como a retratou Rodrigues Miguéis por tanto conhecer o bulício citadino…Mesmo com orçamentos contidos , a diária caravana através da ponte à procura de sol, de mar... No passado alguém afirmou que Coney Island se encontrava para os nova-iorquinos como a Costa para os lisboetas. Não sei se será legítima tal aproximação e há muito que não visito a praia da margem Sul … Surgiu o pensamento quando os olhos se fixaram num dos poucos locais a trazer uma certa nostalgia do bulício: o parque infantil expondo-se, sem sentido, quando afastado de risos e correrias de criança.
Despojado o local de cores e chilreios, ganham sentido fragmentos desta Elegia número onze:
[…]
- são os passos que fazem os caminhos.
Deserta está a cidade.
Se houvesse alguém andando sozinho
- para ele se acenderiam então, como um olhar, todas
as cores!
Porque a cidade está cega, também.
O que não é visto por ninguém
não sabe a cor do aspecto que tem.[…]
Mário Quintana
pela Teresa no Dias que voam
1 comentário:
E agora já não é o que era, porque cada vez mais se vai dividindo as férias ao longo do ano. Mas lembro-me do tempo em que a cidade parava mesmo em Agosto, em que eu descia em direcção ao Califa e o único som que cortava o silêncio, além de um ocasional carro, era o canto das cigarras e dos grilos. Não se via viv'alma pelas ruas, era um sossego, uma paz... já não há Agostos assim! :P
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