10/04/08

Colégio Instituto Lusitano



Para a M.



"Av. Grão Vasco, Nº 54 e 52". Fotografias de Artur Goulart (1965),
in
Arquivo Municipal de Lisboa





Neste belo edifício encontrava-se instalada a secção masculina do Colégio Instituto Lusitano (a secção feminina estava instalada num palacete na Estrada de Benfica, na esquina com a Estrada de A-Damaia - onde muitos anos mais tarde viria a funcionar o posto de CTT e, actualmente, se encontra uma agência do BPI).

Era um palácio lindíssimo, ladeado pelo Parque Silva Porto e por umas casinhas térreas (com as janelas assentes quase ao nível do solo)...
E, sempre que por ali passava, ficava com a imaginação a trabalhar a turbinas, pensando em quem lá vivera e o que se passara para permanecer assim abandonado.

Segundo rezam as memórias locais, com a extinção deste Colégio, no pátio deste palácio funcionou também parte do Mercado do Levante (a ancestral "Praça"), que se prolongava para a Av. Grão Vasco.
Depois, o edifício serviu de depósito das "Alcatifas Petróleo"... a seguir, por lá se instalou uma oficina de reparação de automóveis... e, nos seus últimos anos, aí pernoitavam os toxicodependentes da zona.

Em meados do ano passado, após a derrocada de uma das ameias deste palácio, o mesmo foi deitado abaixo... encontrando-se, actualmente, em construção acelerada, no local que outrora fora o seu, dois prédios gigantescos.

Pena que, lamentavelmente, os seus proprietários e o Estado não tenham pensado em reabilitar este palácio, transformando-o numa Creche ou Jardim-de-Infância... como era o sonho de algumas pessoas!...





12 comentários:

Cecilia disse...

alexa: como sabes andei no Colégio Grão Vasco, no edifício onde ainda hoje está situado. Como não tinhamos ginásio íamos fazer ginástica ao Instituto Lusitano.
Ainda hoje me lembro da vergonha que tinha quando as pessoas que andavam na praça (localizada na faixa central da Av. Grão Vasco)ficavam paradas a olhar para nós, em fila indiana, e de fato de ginástica já vestido.
Nas noites de verão sentavamo-nos nos bancos em frente às casas baixinhas. Numa delas morava uma senhora de idade que uma noite teve que entrar em casa pela janela, porque se tinha esquecido da chave.

Alexa disse...

Cecília: devia ser bem engraçado, ir fazer ginástica num edifício como aquele :)
Muito obrigada pelas tuas memórias!
Dediquei este post à M. (por causa da hipótese de transformação deste espaço que já nem existe)... mas esqueci-me que também te era dedicado a ti, já que tantas memórias tens do mesmo!

J. disse...

a grão vasco é onde está a pastelaria "lua de mel" ou "bola de mel"?

cecília, gostei tanto, mas tanto do pormenor da velhinha que teve que entrar em casa pela janela... fico sempre espantada com certos pormenores que a nossa memória guarda para sempre

Cecilia disse...

j.: A Grão Vasco é a da "Lua de Mel". A "Bola de Mel" é na Av. do Uruguai.

Tens razão, a nossa memória é incrivel: bastou-me olhar para a foto para me lembrar desta história, assim como me recordo de estar sentada na carteira, olhar para a rua e ver o meu pai a fazer compras na praça.

J. disse...

lindo! ;)

Anónimo disse...

Sempre vi esta bela casa decadente. Julgo que passei pela primeira vez no local para aí em 1990. Sempre me lembro de lá ver a tal oficina. Em 2004 visitei um andar num prédio acabado de construir logo atrás da pobre ruína, com vistas altas sobre a dita. À minha pergunta sobre a perenidade do horizonte desafogado o agente imobiliário nem hesitou.
- Não escondo que esta é uma vista a prazo.
Cumpts.

Anónimo disse...

Amiga, tenho andado meio ausente, desculpa...
Obrigada por mais este post :)
Lembras-te sempre dos sítios especiais...

Alexa disse...

Bic Laranja: muito obrigada pela partilha das suas memórias sobre esta casa!
Infelizmente, foi mesmo uma "vista a prazo"... :(
Já lá se encontram a construir, a ritmo bem acelerado, 2 ou 3 prédios como aqueles em que o Bic visitou esse andar.
Um abraço

Alexa disse...

M. - Não precisas de pedir desculpa!
Existem tantos sítios especiais na nossa zona, que caíram no esquecimento (ou desapareceram), que me parece que este blog é mesmo o local exacto para os relembrar!
Bjs

Anónimo disse...

Quando fui agente recenseador em 1991, para o resenceamento da população e habitação, aquele palacete ( que foi do próprio Silva Porto )fazia parte da minha zona, como também o bairro de barracas, coladas ao mesmo. Infelizmente, além de viverem pessoas que tomaram de assalto o dito palacete, cheguei a encontrar pessoas a viverem debaixo da própria escadaria, numa terrível miséria. A explicação que me foi dita pela minha coordenadora, é que iría-se oferecer casas novas.
Fiquei triste demais, quando vi este ano, a ser deitado abaixo, aquele palacete, em que tinha uma chaminé decorada com pedacinhos de tijolo....uma verdadeira obra prima.

Alexa disse...

Caro Anónimo, depois de 1991, e mesmo durante o último ano de "vida" deste magnífico palacete, o mesmo foi habitado pelos toxicodepentes e mais alguns "excluídos" da zona.
Possivelmente, até chegaram a "dar" casas às pessoas que lá se encontravam quando foi agente recenseador.

Fausto disse...

Olá

A Avenida Grão Vasco era, também, o "mercado de levante" antes de ser construído o actual Mercado de Benfica. E, também, das folhas de amoreira para os bichos da seda.

Um abraço

Fausto Castelhano