16/07/10

A vida (também) é feita de pequenos nadas


Na esplanada e a fazer tempo para um pequeno compromisso, leio o jornal.Dentro do café, amontoam-se clientes com ar de quem vai dar início a mais um dia de trabalho: esta parte da cidade não é dada ao turismo nem se encontra ainda de férias - penso…Saboreando a generosa e rara pausa, sem preocupação com o serviço de atendimento, apetece ficar ao sol sem olhar para o relógio, evocando tempos distantes em que fazia questão de nem utilizar este "contador de tempo".Poucos minutos depois, um senhor de cabelos brancos, ar distinto e traje de executivo a não destoar da restante clientela, dirige-se-me em tom afável «como vou lá dentro pagar, posso fazer o seu pedido…». Em tempos que correm, estranha-se por uma fracção de segundos qualquer solícita e desconhecida oferta. Talvez a minha expressão traidora se tenha revelado durante o breve pensamento. Insiste então com sorriso espontâneo «não me custa nada». Apercebo-me de imediato da genuína amabilidade. Pouco depois, chega o segundo pequeno-almoço (já que o primeiro foi tomado ainda “de madrugada”). Fechado o jornal, fico a pensar em simples gestos como este, desinteressados e de uma leveza como a da manhã de hoje. São também estes pequenos nadas que melhoram, muitas vezes, o resto do dia, fazendo lembrar um refrão - «a vida (também) é feita de pequenos nadas».Acabo de ver que a esplanada ficou deserta. Todos devem ter dado início a mais uma manhã de trabalho.

Post da Teresa para o blog Dias que Voam e gentilmente oferecido ao Mercado de Bem-Fica

5 comentários:

teresa disse...

É engraçado ter acabado de me ver por aqui, J. :)

Miguel Gil disse...

Teresa, o seu texto é mais um dos ‘pequenos nada’ com que vai sendo feita a nossa vida, obrigada por ele.
Os textos da Teresa tão ‘bem-ficam’ aqui no Mercado como no Dias.

Marta G. disse...

Gostei muito do texto! Que simpático cavalheiro, esse com quem se cruzou... Por vezes também fico espantada quando encontro gente ainda tão atenta aos outros! Esta pastelaria é a Columbia, no Alto dos Moínhos, não é?

J. disse...

teresa, se fores mais vezes para esses lados leva a maquina para depois postares aqui connosco! ;) bj

teresa disse...

Obrigada a todos, fica combinado... regresso às proximidades dentro de algumas semanas, depois de uma arejada viagem há muito sonhada (se não faltar inspiração, a máquina ocupa sempre um cantinho da mala que transporto sempre comigo)... e respondendo à Marta G., sim, é a Columbia.