Acordo cedo. Tenho encontro marcado com uma amiga. Penso que me apetece fotografar a azáfama dos sábados de manhã, mas hoje não tenho tempo.
Vou à papelaria / tabacaria “Cave” comprar o jornal e vejo as mesmas caras de sempre, no entanto, não consigo recordar-me do nome, talvez um dos senhores se chame Carlos. Sento-me no café do Sr. João, só estou eu e um casal. Peço o costume: um café, um copo com água e um bom bocado. Vou folheando o jornal. Começam a chegar clientes, todos eles habituais, porque todos trabalham do outro lado da estrada.
Entra um dos barbeiros, vem um dos senhores da Cave e chega outro barbeiro. Pedem 3 cafés ao Sr. João. Gera-se ali um pequeno conflito amigável porque todos querem pagar, mas hoje paga o Sr. Ricardo porque os outros pagaram nas manhãs anteriores. Olho para os barbeiros, conheço estas caras desde pequena, de vê-los refeltidos no espelho, compenetrados a cortarem os cabelos, ou de vê-los à porta à espera de clientes. Através da vitrina do café olho para a barbearia. Gosto do espaço, é um bocadinho à moda antiga. As cadeiras são bonitas, forradas a vermelho, os utensilios parecem-me todos vintage. Os barbeiros, que devem ter cortado cabelos às mesmas pessoas aos 10, 20, 30 e 40 anos... quem, das pessoas que vivem em S. Domingos de Benfica, nunca tera cortado o cabelo neste salão?
Penso que um dia deste os senhores se reformarão e que certamente não terão filhos que queiram perpetuar o negócio. Talvez daqui a poucos anos, nasça outra coisa no lugar do barbeiro... mas gostava que ele ficasse ali para sempre, é um lugar que esta nas minhas recordações e sempre no meu caminho quando vou para casa.
3 comentários:
Um espaço fantástico:)
A primeira vez que fui ao barbeiro, com uns 16 anos talvez foi ali... Quem me cortou foi o senhor que trabalhava nos Pupilos e que ao fim do dia ia fazer umas horas extras ali..
mais um pormenor para acrescentar à historia! ;)
obrigada gomezzz :)
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