12/06/10

Estrada de Benfica 411 e 413

Foi a primeira surpresa quando cheguei a Benfica. Depois de 6 horas de viagem de carro chegamos à rotunda da Rua Mariano Pina. Viramos à equerda e entramos na Professor Reinado dos Santos. Ainda não foi desta que consegui tirar fotografias, gosto muito desta rua especialmente no Verão e no Outono. Quando o carro começa a descer o meu olhar para em tudo à procura de novidades. Mais abaixo viramos à direita, passamos os Maristas e paramos no sinal. Sinal verde. Viramos novamente à direita e fico de boca aberta. A primeira ideia (porque estava sem óculos) é a de que o 409 foi abaixo, mas quando nos aproximamos vejo que foi “A”casa de esquina, das poucas que restavam do tempo das vivendas. Aquela de que já tinha falado aqui há bem pouco tempo. É o fim da tarde, há muito trânsito e não podemos parar. O meu irmão diz-me “foi sem mais nem menos, há dois dias” – nada faria prever que isto acontecesse...

Pousamos as coisas, instalamo-nos e mais tarde vamos comer os meus primeiros caracois de Maio ao 409. A imagem da escavadora deixa-me siderada, a pensar por que razão terá aquela casa sido vendida. Parecia habitadissima. Pergunto ao Luis, ele diz-me que os donos venderam e que vão ser ali construidos dois prédios. Outras pessoas disseram-me que a senhora recebeu uma boa soma para deixar a casa e que foi viver para o Largo Conde Bonfim...



Penso que tenho que lá voltar para tirar fotografias durante o dia, mas não voltei (pelo menos com máquina), tenho apenas estas fotografias tiradas de noite, depois dos caracois. Com tudo escavacado percebo que aquele terreno estava mesmo encostado à
Vila Grandela, pensei que existiam ali duas coisas: a casa e o jardim ao lado. Lembro-me de quando tirei a fotografia através de um buraco que existia naquele portão. Como eu gostava de ter aquele jardim com aquele anexo.

Fotografo o painel grande que ali afixaram. Só estou a lê-lo hoje “Conclusão da obra 7 de Junho de 2010” e penso que não é possivel.


E lá foi mais uma parte daquilo que foi São Domingos de Benfica... começam a ficar poucos vestigios desses tempos. Penso numa noite de sábado em que apanhei um taxi no Bairro Alto. Peço ao senhor para me levar à
Rua Montepio Geral e começo a explicar-lhe onde é, porque é raro saberem. O senhor diz-me “não se preocupe que eu sei onde é, menina”. Continuamos a viagem em silêncio. Ele vira na Rua Sousa Loureiro e quando entramos na Montepio ele diz-me: “sabe, era eu jovem taxista, nesta rua só havia vivendas. Hoje em dia já só resta esta”... mas qualquer dia, nem esta haverá...

1 comentário:

Miguel Gil disse...

J., não passo há muito tempo por essas ruas, nem consigo lembrar-me bem dessa vivenda, ‘colada’, pelo que percebi, à Vila Grandela.
Mais me preocupa não saber se a Vila Grandela está classificada (património cultural). O vosso relato indica que não está. Porque, se a Vila Grandela estivesse classificada, essa intervenção urbana, demolição de edifício na área de protecção ao imóvel classificado, tinha de ter tido acompanhamento dos técnicos do património (IGESPAR e CML) e pelos vistos não teve.
A Vila Grandela se não é imóvel classificado devia ser classificada como de interesse público ou municipal. Deve-se dar início, quando antes, ao processo de classificação. Qualquer um o pode requerer.